Escravidão, Mrs. Dalloway e Charles Darwin em ‘Leitura, Quase leitura e Não leitura’

Diários de leitor | Saulo Rodrigues de Carvalho *

Nesta coluna publicada originalmente no blog E-Liber, cada participante registra – em poucos caracteres – um de seus diários de leituraquase leitura e não leitura.

Leitura. Ganhei de presente de aniversário um vale livro, nada me agrada mais do que ganhar livros, ainda mais quando se pode escolhê-los. Pois foi assim que adquiri meu exemplar de Escravidão, com um vale livro que tinha quase exatamente o valor da edição na livraria. Depois de ter lido 1808, aguardei ansiosamente este outro trabalho de Laurentino Gomes. Não me arrependi. Escravidão não é só um livro de História sobre a escravidão, é antes de tudo um livro de viagem, ligando passado e presente sob o pretexto da busca de si, de uma identidade do Brasil.  Antes de falar especificamente do livro, gostaria de ressaltar o cuidado e o respeito de Laurentino Gomes pelas obras históricas e pelos historiadores. Dono de uma modéstia que camufla sua grande capacidade intelectual, o autor, que é jornalista, não esconde sua admiração por aqueles que estudam a História e se apresenta como “mais um”, que busca de modo atento e diligente recontar esse tema, utilizando-se da simplicidade e leveza da linguagem jornalística, para isso. O livro começa com uma viajem até o continente africano, Angola, Belize, Luanda, Benin, entre outros lugares, são visitados, não apenas o traslado físico do presente é relatado, mas uma ida ao passado, dos Daomés, dos Bantos, dos Sudaneses, das histórias de colaboração e de resistência à escravização imposta pelos europeus na África negra. A história da rainha Jinga, do Reino Andongo de Angola, foi a que mais me impressionou, tanto quanto a brava resistência de Palmares. O livro cumpre sua proposta. Aguça a curiosidade e descomplica o assunto. Aguardo impacientemente o segundo volume.

Quase leitura. Assisti Mrs Dalloway com Vanessa Redgrave no elenco, por indicação de minha companheira. É um daqueles filmes que você tem que estar atento a cada diálogo, por que são eles que realmente importam. Depois descobri, que se tratava de uma adaptação do romance de Virginia Woolf. Um dia desses encontrei na livraria uma edição publicada pela Folha de S. Paulo, com capa dura e preço acessível. Comprei. Comecei a ler já conhecendo o enredo, mas as nuanças da leitura são muito diferentes das imagens de um filme. São obras independentes. Parei na página 67. Clarissa Dalloway já nos dá indicações de sua atração homo afetiva pela amiga Sally Seton e apresenta sua grande paixão do passado, Peter Walsh, que voltou da Índia deslumbrado por uma mulher mais nova, mãe de dois filhos e casada com um major indiano. Pretendo finalizá-lo nestas férias.

Não Leitura. Por falar em livros de viagem, Janete Browne escreveu dois volumes sobre a viagem mais importante para os rumos da ciência do século XIX, até os dias de hoje. A viagem do Beagle pelo mundo. A bordo, o jovem naturalista chamado Charles Darwin coletaria amostras e faria observações que serviriam de base para a obra que mudaria os rumos das ciências biológicas. Charles Darwin: viajando, publicado pela editora Unesp, seria um livro biográfico de viagem, mas seria talvez, uma origem da Origem das Espécies? Não sei. Ainda não o li.

* Saulo Rodrigues de Carvalho. Poeta, Professor, Palmeirense e Pisciano.

@assuntosdapaideia

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